segunda-feira, 4 de outubro de 2010

O VALOR DAS PEQUENAS COISAS

O Valor das Pequenas Coisas


Em cada indelicadeza, assassino um pouco aqueles que me amam.

Em cada desatenção, não sou nem educado, nem cristão.

Em cada olhar de desprezo, alguém termina magoado.


Em cada gesto de impaciência, dou uma bofetada invisível nos que convivem comigo.

Em cada perdão que eu negue, vai um pedaço do meu egoísmo.

Em cada ressentimento, revelo meu amor-próprio ferido.



Em cada palavra áspera que digo, perdi alguns pontos no céu.

Em cada omissão que pratico, rasgo uma folha do evangelho.

Em cada esmola que eu nego, um pobre se afasta mais triste.



Em cada oração que não faço, eu peco.

Em cada juízo maldoso, meu lado mesquinho se aflora.

Em cada fofoca que faço, eu peco contra o silêncio.



Em cada pranto que enxugo, eu torno alguém mais feliz.

Em cada ato de fé, eu canto um hino à vida.

Em cada sorriso que espalho, eu planto alguma esperança.



Em cada espinho, que finco, machuco algum coração.

Em cada espinho que arranco, alguém beijará minha mão.

Em cada rosa que oferto, os anjos dizem: Amém!



(Roque Schneider)

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

VIOLETAS NA JANELA


Onde vivem os espíritos

Que viajam para o céu

Será que dormem em camas macias

Será que podem visitar os seus...

Se tudo eternamente é vida

A luz sagrada brilhará

E o som da minha voz em teus ouvidos, soprará.

Essas violetas que estão na janela

Embora plantadas na terra, me fazem voar

Com elas posso atravessar a grande fonte

Com elas, nas estrelas, posso te encontrar

Subindo, ganhando espaço atravessando planos

Me transmudo em violetas vou te visitar

De cada pétala de pura cor, o meu amor então recenderá

Perfumando tua alma singela

Tudo entre nós será pra sempre vida

Vida, eterno encontro e despedida,

Fazemos parte dessa lei

E o tempo ainda vai mudar

Eu vi você e as violetas na janela.

Subindo, ganhando espaço atravessando planos

Me transmudo em violetas vou te visitar

De cada pétala de pura cor, o meu amor então recenderá

Perfumando tua alma singela

Tudo entre nós será pra sempre vida

Vida, eterno encontro e despedida

Fazemos parte dessa lei

E o tempo ainda vai mudar

Eu vi você e as violetas na janela.
 
Pedro Saint Germain

Créditos: http://www.maricell.com.br/a_musicas/letras/voletas_na_janela.htm

terça-feira, 16 de março de 2010

OS VOTOS

Sérgio Jockyman

"Desejo primeiro que você ame,
E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim,
Mas se for, saiba ser sem desesperar.

Desejo também que tenha amigos,
Que mesmo maus e inconseqüentes,
Sejam corajosos e fiéis,
E que pelo menos num deles
Você possa confiar sem duvidar.

E porque a vida é assim,
Desejo ainda que você tenha inimigos.
Nem muitos, nem poucos,
Mas na medida exata para que, algumas vezes,
Você se interpele a respeito
De suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
Para que você não se sinta demasiado seguro.

Desejo depois que você seja útil,
Mas não insubstituível.
E que nos maus momentos,
Quando não restar mais nada,
Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.

Desejo ainda que você seja tolerante,
Não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
Mas com os que erram muito e irremediavelmente,
E que fazendo bom uso dessa tolerância,
Você sirva de exemplo aos outros.

Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais,
E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer
E que sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e
É preciso deixar que eles escorram por entre nós.

Desejo por sinal que você seja triste,
Não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubra
Que o riso diário é bom,
O riso habitual é insosso e o riso constante é insano.

Desejo que você descubra ,
Com o máximo de urgência,
Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos,
Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.

Desejo ainda que você afague um gato,
Alimente um cuco e ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal
Porque, assim, você se sentirá bem por nada.

Desejo também que você plante uma semente,
Por mais minúscula que seja,
E acompanhe o seu crescimento,
Para que você saiba de quantas
Muitas vidas é feita uma árvore.

Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,
Porque é preciso ser prático.
E que pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele
Na sua frente e diga "Isso é meu",
Só para que fique bem claro quem é o dono de quem.

Desejo também que nenhum de seus afetos morra,
Por ele e por você,
Mas que se morrer, você possa chorar
Sem se lamentar e sofrer sem se culpar.

Desejo por fim que você sendo homem,
Tenha uma boa mulher,
E que sendo mulher,
Tenha um bom homem
E que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,
E quando estiverem exaustos e sorridentes,
Ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer,
Não tenho mais nada a lhe desejar."


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Na Folha da Tarde Porto Alegre
30 de dezembro 1978,
o poema de Sérgio Jockyman
se apresentará na forma integral.

CONFIRAM:
http://photos1.blogger.com/blogger/7327/511/1600/jornal2.jpg