segunda-feira, 4 de outubro de 2010

O VALOR DAS PEQUENAS COISAS

O Valor das Pequenas Coisas


Em cada indelicadeza, assassino um pouco aqueles que me amam.

Em cada desatenção, não sou nem educado, nem cristão.

Em cada olhar de desprezo, alguém termina magoado.


Em cada gesto de impaciência, dou uma bofetada invisível nos que convivem comigo.

Em cada perdão que eu negue, vai um pedaço do meu egoísmo.

Em cada ressentimento, revelo meu amor-próprio ferido.



Em cada palavra áspera que digo, perdi alguns pontos no céu.

Em cada omissão que pratico, rasgo uma folha do evangelho.

Em cada esmola que eu nego, um pobre se afasta mais triste.



Em cada oração que não faço, eu peco.

Em cada juízo maldoso, meu lado mesquinho se aflora.

Em cada fofoca que faço, eu peco contra o silêncio.



Em cada pranto que enxugo, eu torno alguém mais feliz.

Em cada ato de fé, eu canto um hino à vida.

Em cada sorriso que espalho, eu planto alguma esperança.



Em cada espinho, que finco, machuco algum coração.

Em cada espinho que arranco, alguém beijará minha mão.

Em cada rosa que oferto, os anjos dizem: Amém!



(Roque Schneider)

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

VIOLETAS NA JANELA


Onde vivem os espíritos

Que viajam para o céu

Será que dormem em camas macias

Será que podem visitar os seus...

Se tudo eternamente é vida

A luz sagrada brilhará

E o som da minha voz em teus ouvidos, soprará.

Essas violetas que estão na janela

Embora plantadas na terra, me fazem voar

Com elas posso atravessar a grande fonte

Com elas, nas estrelas, posso te encontrar

Subindo, ganhando espaço atravessando planos

Me transmudo em violetas vou te visitar

De cada pétala de pura cor, o meu amor então recenderá

Perfumando tua alma singela

Tudo entre nós será pra sempre vida

Vida, eterno encontro e despedida,

Fazemos parte dessa lei

E o tempo ainda vai mudar

Eu vi você e as violetas na janela.

Subindo, ganhando espaço atravessando planos

Me transmudo em violetas vou te visitar

De cada pétala de pura cor, o meu amor então recenderá

Perfumando tua alma singela

Tudo entre nós será pra sempre vida

Vida, eterno encontro e despedida

Fazemos parte dessa lei

E o tempo ainda vai mudar

Eu vi você e as violetas na janela.
 
Pedro Saint Germain

Créditos: http://www.maricell.com.br/a_musicas/letras/voletas_na_janela.htm

terça-feira, 16 de março de 2010

OS VOTOS

Sérgio Jockyman

"Desejo primeiro que você ame,
E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim,
Mas se for, saiba ser sem desesperar.

Desejo também que tenha amigos,
Que mesmo maus e inconseqüentes,
Sejam corajosos e fiéis,
E que pelo menos num deles
Você possa confiar sem duvidar.

E porque a vida é assim,
Desejo ainda que você tenha inimigos.
Nem muitos, nem poucos,
Mas na medida exata para que, algumas vezes,
Você se interpele a respeito
De suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
Para que você não se sinta demasiado seguro.

Desejo depois que você seja útil,
Mas não insubstituível.
E que nos maus momentos,
Quando não restar mais nada,
Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.

Desejo ainda que você seja tolerante,
Não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
Mas com os que erram muito e irremediavelmente,
E que fazendo bom uso dessa tolerância,
Você sirva de exemplo aos outros.

Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais,
E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer
E que sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e
É preciso deixar que eles escorram por entre nós.

Desejo por sinal que você seja triste,
Não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubra
Que o riso diário é bom,
O riso habitual é insosso e o riso constante é insano.

Desejo que você descubra ,
Com o máximo de urgência,
Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos,
Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.

Desejo ainda que você afague um gato,
Alimente um cuco e ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal
Porque, assim, você se sentirá bem por nada.

Desejo também que você plante uma semente,
Por mais minúscula que seja,
E acompanhe o seu crescimento,
Para que você saiba de quantas
Muitas vidas é feita uma árvore.

Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,
Porque é preciso ser prático.
E que pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele
Na sua frente e diga "Isso é meu",
Só para que fique bem claro quem é o dono de quem.

Desejo também que nenhum de seus afetos morra,
Por ele e por você,
Mas que se morrer, você possa chorar
Sem se lamentar e sofrer sem se culpar.

Desejo por fim que você sendo homem,
Tenha uma boa mulher,
E que sendo mulher,
Tenha um bom homem
E que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,
E quando estiverem exaustos e sorridentes,
Ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer,
Não tenho mais nada a lhe desejar."


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Na Folha da Tarde Porto Alegre
30 de dezembro 1978,
o poema de Sérgio Jockyman
se apresentará na forma integral.

CONFIRAM:
http://photos1.blogger.com/blogger/7327/511/1600/jornal2.jpg

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

De repente deu vontade de um abraço...


Uma vontade de entrelaço, de proximidade...


De amizade... sei lá...

Talvez um aconchego que enfatize a vida e

Amenize as dores...

Que fale sobre os amores,

Que seja teimoso e ao mesmo tempo forte.

Deu vontade de poder rever saudade

De um abraço.

Um abraço que eternize o tempo

E preencha todo o espaço

Mas que faça lembrar do carinho,

Que surge devagarzinho

Da magia da união dos corpos, das auras... sei lá...

Lembrar do calor das mãos

Acariciando as costas

A dizer...

“estou aqui.”

Lembrar do trançar dos braços envolventes e seguros afirmando

“estou com você”...

Lembrar da transfusão de forças

Com a suavidade do momento... sei lá...

Abraço... abraço... abraço...

Abraço... abraço... abraço...


Abraço... abraço... abraço...

O que importa é a magia deste abraço!

A fusão de energia que harmoniza,

Integra tudo, e que se traduz

No cosmo, no tempo e no espaço.

Só sei que agora deu vontade deste abraço!!

Que afaste toda e qualquer angústia.

Que desperte a lágrima da alegria,

E acalme o coração...

Que traduza a amizade, o amor e a emoção.

E para um abraço assim só pude pensar em você...

Nessa sua energia,

Nessa sua sensibilidade

Que sabe entender o porquê...

Dessa vontade desse abraço.

(Vinícius de Morais)

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

DISFARCE DE MULHER


Quero falar
Da magia de ser mulher
De ser canto quando
Alguém precisa
De ser namorada
Quando romântica
E felina quando deseja
Quero falar
Da graça de ser mulher
De ser gata
Que anda levemente
De ser águia
Que busca intensamente
De ser beija-flor
Que acaricia
E ser loba
Que protege ferozmente
Quero falar
Do milagre de ser mulher
De ser força
Disfarçada em fragilidade
Ser anjo
Disfarçado em mulher.

(Sirlei L. Passolongo)

sábado, 9 de maio de 2009

Feliz Dia das Mães


Não só hoje, mas todos os dias
Penso em ti com meu carinho
Ao ver-me forte cheio de vida
Devo a ti que me guiaste.
Deu-me a vida
Ensinou-me a vivê-la
Dos problemas resolvê-los
Dos medos me deste as mãos
Fazendo calmo meu coração.
Muitas vezes
Não só Mãe foste pra mim
Pai, amigo, irmão, companheira das brincadeiras.
Sempre davas um jeitinho
De poder me acompanhar.
Segurou as minhas mãos
Me mostrando o caminho a seguir
Hoje sei como sofreste
Quando enfim soltou-me as mãos
Para que eu seguisse em frente.
Hoje sei
Que aplaude meus sucessos
Se entristece com meu pranto
Sei também que sempre estás
Braços abertos a me esperar.
Quero hoje minha Mãe
Te dizer de coração
Peço a Deus que te abençoe
Sempre em minha oração
E te abraço hoje e sempre
Com muito Amor e Gratidão.


(Desconheço Autoria)

quarta-feira, 29 de abril de 2009

ANIVERSÁRIO DE IPATINGA - MG.

Recado de amor para uma cidade...
Nena de Castro

Oi, diz que me ama, que eu te levo para dar uma volta, de braços dados, por lugares lindos como o nosso amor! Diz que me ama, e eu te levo à feira do Canaã, para comprar verduras, bater um bom papo, comer pastel com caldo de cana...
Diz que gosta de mim, amada, e vamos sair por aí, começaremos pelo Ipaneminha, visitando a igrejinha-museu e assistindo ao Congado.
Vamos entrar na dança e bailaremos juntas, entre bandeiras, fitas coloridas e sorrisos daquele povo bom. Ah, me faz um carinho, e eu te levo ao Festival da Banana em Pedra Branca, que tal uma sopa, um licor, um doce para retemperar as energias, e depois iremos participar da cavalgada; vamos montar cavalos fortes e corajosos e cavalgar com Jair Gonçalves, José Fabrício Gomes e todos os nossos pioneiros?
Certamente vou cair da sela e você vai rir e me chamar de tonta, enquanto a tarde cai, linda e perfumada...
Amada, preciso ter certeza do seu amor, me diz que sou correspondida e viajarei com você pelos ventos brandos, desceremos nos antigos alojamentos do Santa Mônica, lembraremos coisas alegres e tristes e vamos ver Zélia Olguin em sua Academia, ensinando beleza e leveza de passos de balé para toda uma geração, enquanto Matias ensina lutas marciais...
Diz que me ama, e te levo à Feirarte no domingo, para comer espetinho de camarão, macarrão com arroz e feijão tropeiro, jogar conversa fora e, com sorte, ver o Mistura Fina cantando Noel Rosa e Tom Jobim.
Anda, amada, vem com sua saia rodada e seu cabelo de estrelas, ver o amanhecer na Tribuna, na montanha do Leão Deitado, de onde olharemos o sol e falaremos dos seus sonhos...
Sim, vida minha, vamos comer as delícias do Poita e Puçá, as porções deliciosas do Bar do Jeová, na Vila Celeste, os caldos da Graça, no Caravelas, e ver de perto o povo festeiro e engajado do Festival Roda Viva, no Bom Jardim, sem esquecer a traíra desossada do Marombinha...
Passeia comigo no Limoeiro, no Bethânia, no Canãa, na Vila Militar...
Que tal um banho nas águas do Ribeirão Ipanema caindo em gotas cristalinas sobre nós, no Parque das Cachoeiras?
Sairemos renovadas e em risos de criança peralta, vamos tomar sorvete no Veneza, comer linguiça na chapa na feira do Ipatingão, e em dia de jogo, torcer aos gritos para o Tigre, para que voltem os dias de glória!
Iremos ao Bela Vista ver Yoshiko Inoue com as mãos de fada compondo Ikebanas, rir com Vera Tufic em seu restaurante no Novo Cruzeiro, e - hum! - comer aqueles quibes deliciosos...
Mais tarde, vida minha, vamos passear nas lojas do Centro, vendo tudo o que mudou...
No Contingente e no Vila Ipanema, vamos buscar seresta e alegria; no Ideal, veremos com os olhos da imaginação, uma apresentação da Banda Mirim da Corporação Musical Santa Cecília, em hora inspirada, sob a batuta do Maestro Oswaldo Machado, executando lindas canções.
Passei comigo, amada, pela Estrada das Lavadeiras, e alcançaremos o Horto, Bom Retiro, Imbaúbas, Bairro das Águas, Cariru, Castelo, ah, quantas histórias se tem por ali!
Mas não vou me esquecer de levar você ao Iguaçu, ao Cidade Nobre, ao Panorama, ao Parque das Águas, Planalto II, Morro do Escorpião, São Francisco, e ao Barra Alegre, onde tudo começou...
Ah, pensou que me esqueceria da Chácara Oliveira, Chácaras Madalena, do Vale do Sol, Vista Alegre, Furquilha e Esperança? A gente vai lá, criança, ver tudo e algo mais.
Diz que me ama e lhe digo que você é linda, sua grandeza sobe aos ares no torvelinho da fumaça que sai das chaminés da Usiminas, aço e raça, fogo e progresso! E no torvelinho e sonho que mistura ontem e hoje, a Maria-Fumaça chega à vilazinha e voa pelos trilhos mágicos, encontrando o progresso, ai como você é bela, menina-moça-mulher formosa, dona do meu amor para sempre! Me dê um abraço apertado, e vamos ao Parque Ipanema, rolar pela grama, tomar água de coco, encharcar a alma de beleza, ver-o-verde, a lagoa, a vida que explode em pujante beleza!
Ai, amada, viaja comigo pelo seu futuro, presente e passado, num túnel do tempo mítico que subtrai as dores, acrescenta amores e compartilha alegria!
Diz que me ama, e eu lhe faço um verso, lhe dou um limão-de-cheiro, um canto de sabiá, uma canção formosa, um dedo-de-prosa...
Pois no seu seio me aqueço e me encontro, raio de sol, rima incontida, eu a amo, cidade querida! Feliz Aniversário, Pouso de Água Limpa, amada Ipatinga de todos nós!

sábado, 11 de abril de 2009

SEXTA-FEIRA SANTA E PÁSCOA


Nesta abençoada semana, onde a inspiração crística estará presente em todos os lares,
teremos em nossa consciência, o pensamento fixo em Jesus Cristo - nosso Profeta Maior,
que percorreu da via crucis ao calvário, entregando sua vida ao sacrificio da cruz,
que ao terceiro dia culminou em sua ressurreiçao e imortalidade
Que neste domingo de Páscoa, a Chama da Ascensão Divina
desabroche um universo de bonança, com suas estrelas emanando
o néctar da misericórdia em suave aroma de amor e paz
Possa Ela verter no espirito das pessoas, todo o sentimento de bondade e de perdão,
convertendo estes dias em momentos supremos e insuperáveis
Que a luz da compreensão habite nossos corações,
com o desejo e a esperança de um mundo melhor e mais feliz
Que esta data, simbolicamente representada pelo coelho da páscoa,
seja um marco da fertilidade e da esperança de uma nova vida
Páscoa é virtude, é renascimento, é transformação e renovação.
A Páscoa é a própria vida!!!
Caio Amaral

segunda-feira, 23 de março de 2009

O AMOR DESCONHECE A AGRESSÃO

O que há por trás de cada agressão senão o medo?
E, o que há por trás do medo senão a falta de amor?
Não te enganes em tuas justificativas para as agressões que cometes contra ti mesmo e contra os teus irmãos.
No fundo, apenas queres ser amado, acariciado pelas mãos da vida...
Lembra que onde o coração descansa, o amor ecoa sua canção.
Lembra que a única realidade que fica é o amor.
Tudo que está em oposição ao amor não tem significado, passa como os ventos antes das chuvas, como os dias antes das noites.
Portanto, procura não alimentar e nem dar realidade àquilo que tem por objetivo obscurecer a tua luz, dando-te como consolo a culpa, a escuridão, por teres ferido não só ao teu irmão, mas a ti mesmo.
Alimenta tua amorosidade, tua alegria, teu silêncio de paz.
Mas, se não puderes controlar a fúria em teu ser, silencia e observa.
Aprende que tamanha energia pode ser usada em prol do entendimento, da compreensão do teu momento presente, e não usada, equivocadamente, contra aquele que imaginas querer destruir tua paz.
Não há no céu ou na terra alguém que tenha o poder de apagar o que desejas manter aceso.
E que esta chama seja a fidelidade à tua inocência, ao teu desejo de compartilhar com os teus o que de melhor tens aprendido.
(Desconheço autoria)

terça-feira, 17 de março de 2009

A CONSTRUÇÃO DO NAVIO

A construção de um navio parece com a formação das pessoas. Durante a gestação o casco é construído, até que somos lançados ao mar. A maior parte de um navio é colocada depois, como acontece com a gente. Camarotes, porões, motores, pinturas, enfeites são acrescentados durante a infância e adolescência, até o navio ficar pronto para a primeira viagem. Um navio fica pronto quando sai do estaleiro, mas com a gente é diferente - e este é o desafio de cada um, pois crescemos todo dia e nunca ficamos prontos.
Apesar disso é preciso partir.... Mas nem todos têm a coragem de ir e continuam atracados ao cais, julgando-se incapazes de navegar sozinhos. Algumas pessoas são obrigadas a zarpar, já que os encargos de segurança do porto tornam-se pesados demais e, às vezes, perdem um tempo precioso da viagem revoltadas e lamentando-se por tudo isso.... mas nem todo mundo é assim....
Alguns mal o dia amanhece, já partiram. Parecem muito ocupados e logo somem no horizonte. Desde cedo sabem o que querem e têm pressa de viver. Outros navios também saem logo que podem, mas ficam dando voltas e mais voltas sem chegar a lugar algum. Acabam navegando só para comprar mais combustível todo dia, e o que ganham mal dá para a reforma do casco...
Os maiores desperdiçadores de seus próprios recursos são aqueles que não sabem o que querem... e o pior é que, quando a gente não sabe direito o que espera do rumo que está tomando ou nem se tem um rumo, não pode corrigir a rota se estiver no caminho errado... nós somos os maiores responsáveis pelas tempestades que não conseguimos evitar.
Já outras pessoas deixam de navegar milhares de milhas para se conformarem com umas poucas centenas, porque tem medo de atrair ventos contrários ou então querem agradar ou impressionar alguém.... a gente não deve aceitar isso, pois significa concordar em ser menos do que pode ser. Todo dia é dia de evolução e aprendizado e, como a lua cheia, quando paramos de crescer, começamos a diminuir.
Então a primeira coisa a fazer é tornar-se comandante de si próprio e isso equivale a pensar com a própria cabeça, ser timão e timoneiro, assumindo riscos pelos erros, pois só erram os que tem a coragem para ousar e, se caírem, levantar e tentar de novo-sempre... pois ninguém sabe nossa autonomia no mar, nossa capacidade de carga, ou a que velocidade podemos singrar as águas dos oceanos, sejam azuis ou escuras.
Ninguém nos conhece melhor que nos mesmos e, por mais que digam o que temos - ou não temos - que fazer, ninguém pode viver a vida no nosso lugar. Outras pessoas, ainda, vivem frustradas e infelizes porque não conseguem ter as mesmas coisas que viram em outro navio. Algumas também vivem furiosas quando alguma coisa ou alguém não age ou sai como gostariam. O amor a si próprio e ao próximo é um exercício diário para saber a diferença entre o que precisa ser mudado e o que devemos aceitar como é.
Muita gente tem preferido impor suas idéias e opiniões em vez de escutar o outro; ficar revoltada com o mundo, em vez de admirar a vida, pois não sabem o que é amar. E tem viajantes que pensam no amor como algo a ser obtido, como se fosse um objeto e não como uma arte que precisa ser aprendida. Alguns acabam confundindo o amor, Deus ou a felicidade com o significado de suas rotas, e vivem frustradas navegando atrás do que não conseguem alcançar - e até desistem no meio do caminho, desalentados, achando que a vida não vale a pena, que Deus não existe e felicidade e amor são balelas... mas Deus, felicidade, amor, bondade não são lugares ou coisas que possam ser possuídos.
A primeira coisa a fazer para quem quer encontrar estes bens é nãoprocurar! Quando procuramos o que não é um lugar ou objeto, e que muito menos está escondido, quem fica perdido somos nós mesmos. Mas quando não procuramos, porque não pode ser encontrado fora de nós, descobrimos que o que tanto queremos - Deus, felicidade, paz - habita camarotes no coração do nosso próprio navio... e tem pessoas tão preocupadas em procurar do lado de fora que até se esquecem de olhar por dentro!...
Não existe navio que não tem passado por tempestades e muitos afundam por não saberem evitá-las, por falta de comunicação ou por acharem que não precisam dos outros. Somos fortes quando unidos. Juntos somos tão grandes e poderosos quanto a onda mais forte e ameaçadora. Perdoar as falhas e limitações de nossos semelhantes é muito mais que amor ou virtude - é questão de inteligência e sobrevivência... pois a única coisa que possuímos de verdade é a necessidade do outro.
Mas não existe tempestades que durem para sempre, assim como os dias de sol também não são permanentes. Dor e frustrações muitas vezes são resultado de querermos perpetuar momentos de prazer, bem-estar, alegria, que por si só são efêmeros e com que facilidade esquecemos que nada é eterno - a não ser o próprio movimento - e que, por isso, momentos de alegria se alternam com momentos de tristeza, dor se alterna com prazer, fome com saciedade, doença com saúde - um sempre dando lugar ao outro.
Quando a gente pára de tentar lutar contra isso e se abandona nesse jogo delicioso da vida, descobrimos que, acima de tudo, a vida vale a pena ser vivida intensamente.
Autor e fonte desconhecidos

sexta-feira, 13 de março de 2009

ORAÇÃO DO AMOR


Senhor!
Ilumine meus olhos para que eu veja os defeitos
da minha alma e vendo-os,
que eu não comente os defeitos alheios.


Senhor!
Leve de mim a tristeza e não entregue amais ninguém.
Enche meu coração com a divina fé,
para sempre louvar o Seu nome.
Arranque de mim o orgulho e a presunção.

Senhor!
Faça de mim um ser humano realmente justo e bom.
Dê-me a esperança de vencer todas as minhas ilusões.
Plante, em meu coração, a sementeira do amor
e ajude-me a fazer feliz o maior número possível de pessoas,
para ampliar seus dias risonhos e resumir
suas noites tristonhas.

Transforme meus rivais em companheiros,
meus companheiros em amigos
e meus amigos em
ENTES QUERIDOS.

Não permita que eu seja
um cordeiro perante os fortes,
nem um leão perante os fracos.

Dê-me, Senhor,
O sabor de perdoar tudo e todos.
Afaste, de mim, o desejo de vingança,
mantendo sempre em meu coração
somente o
AMOR .


(D.A)

quinta-feira, 12 de março de 2009

Eu Quero Ser Feliz!!!

- Ei... Psiu!!!
Eu quero muito ser feliz!!!
A partir de agora,
NÃO VOU MAIS:
Censurar os erros do passado...
Passarei minha vida a limpo e farei deles meu aprendizado.
Paciência... Continuarei errando, porque só erra quem faz;Criticar ou tentar modificar alguém...
Mudarei, apenas, minhas atitudes.
Vou mudar para melhor, sabe por quê?
Ganho eu e quem me ama também;Abrir mão de meus sonhos...
Lutarei sempre para que eles aconteçam.
Mesmo que eu leve uns bons tombos, vencerei meu medo e continuarei correndo atrás do melhor para mim;

Colocar minha felicidade nas mãos de alguém...
Vou ser feliz de qualquer jeito.
De preferência, amando quem me ama, tem preocupações comigo e torce para me ver feliz;
Passar a vida esperando pelo que desejo que aconteça...
Vou aproveitar hoje mesmo, enquanto o amanhã não chega.
Aprenderei a curtir cada momento com o que existe de bom, aqui e agora;
Ficar com pena de mim pelos meus problemas e tropeços...
Agradecerei a Deus minha força e por ter sobrevivido a eles.
Lembrarei sempre que dificuldade, em vez de castigo, é o maior estímulo à minha criatividade;
Ser pessimista e pensar no pior...
Ocuparei meu tempo com algo útil, que me divirta ou que possa ajudar alguém.
Vou esperar pelo melhor, valorizar cada amigo e cada coisa boa que aparecer em minha vida;
Despejar problemas nos ombros de amigos...
Aproveitarei a presença deles para me alegrar. (Quando muito, vou pedir um colinho...rsss.)
Saberei respeitar e preservar meus amigos, e, com tanto carinho e benquerença, nunca me sentirei só, né?;
Querer ser modelo de perfeição ou copiar o dos outros...
Vou me aceitar como sou, e dar o melhor de mim em tudo que fizer.
Acima de tudo: amar, amar, amar...
e ser MUITO AMADO.

A partir de hoje,
vou viver plenamente, sem medo, e MUITO FELIZ.
(Desconheço Autoria)

domingo, 1 de fevereiro de 2009

FIQUE COM QUEM FAZ VOCÊ RIR

Tio Fábio, um falecido homem sábio do interior, Deus o tenha, sempre gostou de circo. Um dia, quando eu ainda era garoto, ele me levou ao circo. E apontou, com seus dedos amarelados pelo cigarro, o palhaço que me fizera gargalhar. Pense nesse palhaço quando for escolher as pessoas para ter ao seu lado. Amigos, namoradas. É vital ter por perto pessoas que sorriam e nos façam sorrir. (Tio Fábio não era homem apenas de teoria. Na vida prática, tinha como o palhaço daquele circo tão distante no tempo, uma notável capacidade de fazer os outros rirem.) Então reflito sobre os relacionamentos amorosos. Eles são tão mais leves, tão mais gostosos, quando temos conosco alguém que traga a luz exuberante dos sorrisos genuínos. (Digo genuínos porque não existe nada pior que o sorriso hipócrita e fabricado, como os dos políticos.) E os relacionamentos podem ser um tormento quando quem está ao nosso lado não sabe rir. O ideal é termos uma palhaça como namorada, mulher, manteúda ou que você quiser. O sorriso é uma atitude. Mostra, quase sempre, um espírito superior, de gente capaz de lidar, com dignidade e bravura, com as adversidades da vida. (Jamais vi uma foto do Dalai Lama em que ele não aparecesse sorrindo. Paz genuína interior ou dissimulação? Alguém tem um palpite?) Assim como o rosto fechado e sombrio é quase sempre sinônimo de pessoas tomadas pela síndrome da vítima, a compulsão de pôr a culpa de tudo nos outros, a evasão total e descarada de responsabilidade. É aquela história: o mundo me persegue. Ninguém me compreende. Deus criou tudo apenas para que eu fosse sacaneado. Para estas pessoas, Sartre criou a frase definitiva: o inferno são os outros. O sorriso é, repito, uma atitude. E também uma virtude. Como toda virtude, tem que ser cultivado. São absolutamente excepcionais as pessoas cuja alma já nasce sorridente. Para nós, outros, os chamados normais, sorrir para a vida é fruto de um esforço cotidiano, um treinamento incessante para não ver os fatos sob ângulos negativos. Um dos livros mais admirados por Tio Fábio (quantas vezes ele tentou fazer-me ler) traz uma passagem de Sêneca, filósofo estóico de quase 2000 anos atrás. Uma passagem sublinhada por Tio Fábio fala de um filósofo que perdeu todos os seus bens no naufrágio. A reação do sábio: É que o destino quis que eu filosofasse mais desembaraçadamente. (Admiro a disciplina de Tio Fábio de ler livros sempre acompanhado de lápis e caneta. Tentei algumas vezes, mas tropecei em minha completa falta de método. Quem sabe um dia.) Cercar-se de palhaços foi o conselho que Tio Fábio me deu há muitos anos. Nem sempre fui bem-sucedido. Ou nem sempre dei a devida atenção a esse conselho. Sofri e levei sofrimento e aqui cometo a ousadia de vir fazer um acréscimo à frase de Tio Fábio. Não basta se cercar de palhaços. É preciso que sejamos palhaços também. Receber risadas é bonito, mas mais bonito ainda é dá-las. Você sabe que uma relação está morta quando se acabam os risos. Um romance saudável tem a estridência irresistível e espontânea das gargalhadas. Pode acontecer que os dois tenham se esquecido de como dar risada. E então vale a pena o esforço de se lembrar. Mas, se você tentar devolver a alegria a uma relação que se tornou pesada e não conseguir nada além de queixumes e lamúrias é melhor desistir. Não do sorriso, nem da alegria e do amor, mas da relação. Só continue se você gostar do sofrimento. Para quem acredita que o propósito da vida é a felicidade, não há saída se não respirar fundo e cair fora, com um sorriso de preferência.
Fábio Hernandez
Do blog: O Homem Sincero

domingo, 25 de janeiro de 2009

MULHER APAIXONADA


É um ser em estado de torcida do Flamengo. Torce mais por ele (o amado) que pela Seleção. Entra no campo, agride o juiz, salta o alambrado, topa qualquer desafio. Só vê a vitória.


Vai pro exílio, larga carreira, profissão, conveniência, partido político. Só tem um caminho e uma verdade: o amor. O resto virá depois. Sem ele, o tudo é nada.
É o mais paciente dos seres impacientes. Sempre em estado de “estou pronta”, leva anos esperando com uma insuportável e maravilhosa impaciência, exigência, dedicação, entrega, cegueira, vontade de quintais, praias e amarrações que supõe perfeitas e definitivas.


Ninguém vive a provisoriedade com tanto sentido de permanência. Ninguém assina em branco e antecipa tantos avais de afeto. Ninguém erra com tanta convicção e decência.


É fera e santa; guerreira e gato; desastrada e genial, capaz de usar fitas, meias coloridas; de enfrentar solidões, distâncias, presenças e furacões pelo ser amado.


É o mais regular dos seres irregulares porque não julga, não pensa, não avalia: sente. E que se danem o mundo, as regras, as regulações, disposições, legislações e tudo aquilo que a mãe ensinou! Que o mundo exploda em flores!


Ser de grandezas, só vive de migalhas. Entende de lençóis iluminados pela luz do corredor nas noites sem sono; conhece ruídos diferentes de tique-taques e entende de cantores e poetas (escolhidos secretamente).


Interpreta as mensagens mais sutis do amado: tom de voz; espaço entre uma e outra frase; fomes dominicais; impressões vagas de cansaço, tédio, alegria ou saudade expressas por fungados, suspiros, desabafos, interjeições, gestos, sons, olhares.


Mistura disposição com vontade. Possibilidade com ânsia. Dificuldade com não querer. Em suma: é o mais incapaz dos capazes do que há de melhor, mais lindo, legítimo e verdadeiro
Especialista em pretextos; modista de oportunidades; navegantes de esperanças; tecelã de ternuras; doceira de amarguras.


É furacão e chuvisco; exaltação e placidez; adivinhação e alienação; sábia e patusca; maravilha e susto; mãe e mulher; filha e bruxa; santa e desastrada. O único ser que topa qualquer parada não é o herói, o desesperado ou o valente: é a mulher apaixonada !

Artur da Távola

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

QUANDO O MUNDO CHAMAR


Quando a luz acender,
a escuridão vai desaparecer.
Quando a compreensão chegar,
a dúvida vai deixar de existir.
Quando o amor vencer,
o ódio perderá seu lugar.
Quando o trabalho for mais forte,
os resultados vão aparecer.
Quando você se descobrir,
vai conquistar tudo o que é seu.

Quando a noite chegar,
o céu vai se iluminar.
Quando o dia nascer,
a esperança vai renascer.
Quando tudo for alegria,
a tristeza será passageira.
Quando você decidir ser feliz,
ninguém impedirá a sua conquista.

Você é o Senhor do Anel,
o dono do destino quando se faz forte,
quando não aceita a derrota pela derrota,
quando faz dos erros um trampolim para acertar.

Quando tudo parecer perdido, encontre-se,
e quando se encontrar, não se perca.
Quando o mundo chamar, responda,
não se esconda, você vai vencer,
porque você é reflexo divino,
semente aberta em flor,
das mãos amorosas do Criador!Vença!
Paulo Roberto Gaefke

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

MINHA ORAÇÃO


Senhor Deus, dono do tempo e da eternidade, teu é o hoje e o amanhã, passado e o futuro. Ao acabar mais um ano, quero te dizer obrigado por tudo aquilo que recebi de Ti.
Obrigado pela vida e pelo amor, pelas flores, pelo ar e pelo sol, pela alegria e pela dor, pelo o que foi possível e pelo o que não foi.
Ofereço-te tudo o que fiz neste ano, o trabalho que pude realizar, as coisas que passaram pelas minhas mãos e o que com elas pude construir.
Apresento-te as pessoas que ao longo destes meses amei, as amizades novas e os antigos amores. Os que estão perto de mim e aqueles que pude ajudar; as pessoas com quem compartilhei a vida, o trabalho, a dor e a alegria.
Mas também, Senhor, hoje quero te pedir perdão.
Perdão pelo tempo perdido,
pelo dinheiro mal gasto,
pela palavra inútil
e o amor desperdiçado.
Perdão pelas obras vazias e pelo trabalho mal feito,
perdão por viver sem entusiasmo.
Também pela oração que aos poucos fui adiando e que agora venho apresentar-Te,
por todos meus olvidos, descuidos e silêncios, novamente te peço perdão.
Paro a minha vida diante do novo calendário que ainda não se iniciou e te apresento estes dias, que somente Tu sabes se chegarei a vivê-los.
Hoje, te peço para mim, meus parentes e amigos, a paz e alegria, a fortaleza e a prudência, a lucidez e a sabedoria.
Quero viver cada dia com otimismo e bondade, levando a toda parte um coração cheio de compreensão e paz.
Fecha meus ouvidos a toda falsidade e meus lábios a palavras mentirosas, egoístas ou que magoem.
Abre sim, meu ser a tudo o que é bom.
Que meu espírito seja repleto somente de bênçãos para que as derrame por onde passar.
Senhor, a meus amigos que lêem esta mensagem, encham-os de Sabedoria, Paz e Amor.
E que nossa amizade dure para sempre em nossos corações.
Enche-me, também, de bondade e alegria para que todas as pessoas
que eu encontrar no meu caminho possam descobrir em mim um pouquinho de Ti.
Dá-nos um ano feliz, e ensina-nos a repartir felicidade.
Amém !


domingo, 28 de dezembro de 2008

FELIZ ANO NOVO


Chega ao fim mais um ano
e com ele surgem os eternos anseios
de que nos corações dos homens
tenha sempre a luz que renova as esperanças,
e move a humanidade para um mundo
onde você possa acreditar em seus sonhos
e torná-los realidade.
É tempo de compartilharmos,
de abrirmos os nossos corações
e expressarmos com atos e palavras
todos os bons sentimentos.
Desejo que esta esperança
que agora nos irradia possa se espalhar,
crescer e fortificar-se em cada ser humano
na bondade que emana de Deus
para que nele sempre consigam a certeza
de um mundo mais digno de se viver,
pleno em paz, equilíbrio e muita harmonia.
É tudo que desejo para você em todos os dias
de 2009, 2010, 2011, 2012 ...

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

DE TUDO UM POUCO

Que você tenha...de tudo...um pouco.
Sensibilidade
Para não ficar indiferente diante das belezas da vida.
Coragem
Para colocar a timidez de lado e poder realizar o que tem vontade.
Solidariedade
Para não ficar neutro diante do sofrimento da humanidade.
Bondade
Para não desviar os olhos de quem te pede uma ajuda.
Tranquilidade
Para quando chegar ao fim do dia, poder deitar e dormir o sono dos anjos.
Alegria
Para você distribuí-la, colocando um sorriso no rosto de alguém.
Humildade
Para você reconhecer aquilo que você não é.
Amor próprio
Para você perceber suas qualidades e gostar do que vê por dentro.
Para te guiar, te sustentar e te manter de pé.
Sinceridade
Para você ser verdadeiro, gostar de você mesmo e viver melhor.
Felicidade
Para você descobri-la dentro de você e doá-la a quem precisar.
Amizade
Para você descobrir que, quem tem um amigo, tem um tesouro.
Esperança
Para fazer você acreditar na vida e se sentir uma eterna criança.
Sabedoria
Para entender que só o Bem existe, o resto é ilusão.
Desejos
Para alimentar o seu corpo, dando prazer ao seu espírito.
Sonhos
Para poder, todos os dias, alimentar a sua alma.
Amor
Para você ter alguém para amar e sentir-se amado.
Para você desejar tocar uma estrela, sorrir pra lua.
Sentir que a vida é bela, andando pela rua.
Para você descobrir que existe um sol dentro de você.
Para você se sentir feliz a cada amanhecer e saber que o Amor é a razão maior... para viver.
Mas se você não tiver um amor, que nunca deixe morrer em você, a procura... o desejo de o encontrar.
Tenha de tudo, um pouco... e Seja feliz!
Lisiê Silva

domingo, 9 de novembro de 2008

ESTRADA DA VIDA

Pela estrada da vida
Vou seguindo meu caminho
Vazia vida sem destino
Um dia vou chegar
Pela estrada da vida eu sigo
Sem dia pra voltar
Posso ir para onde eu quiser
A vida é só minha
Posso ir para qualquer lugar
Quem sabe na estrada vou encontrar
O que sempre passei a buscar
A calma de um olhar
Sozinho pelo mundo a vagar
Juntos faremos um só caminho
(Bety Viotto)

sábado, 25 de outubro de 2008

UM CÃO CHAMADO VELUDO

Eu tive um cão. Chamava-se Veludo. Magro, asqueroso, revoltante, imundo, para dizer tudo em uma palavra, foi o mais feio cão que houve no mundo. Recebi-o das mãos de um camarada. Na hora da partida, o cão gemendo, não me queria acompanhar por nada. Enfim - mau grado meu - o vim trazendo. O meu amigo cabisbaixo mudo, olhava-o...O sol nas ondas se abismava ...
"Adeus! " - me disse, e ao afagar Veludo nos olhos seus o pranto borbulhava.
"Trata-o bem. Verás como rasteiro te indicará os mais sutis perigos. Adeus! E que este amigo verdadeiro te console no mundo ermo de amigos! "

Veludo, a custo, habituou-se à vida que o destino de novo lhe escolhera; sua rugosa pálbebra sentida chorava o antigo dono que perdera. Nas longas noites de luar brilhante, febril, convulso, trêmulo, agitando a sua cauda, caminhava errante, à luz da lua - tristemente uivando. Toussenel, Figuier e a lista imensa dos modernos zoológicos doutores, dizem que o cão é um animal que pensa.Talvez tenham razão estes senhores. Lembro-me ainda. Trouxe-me o correio, cinco meses depois, do meu amigo, um envelope fartamente cheio. Era uma carta. Carta! Era um artigo, contendo a narração miuda e exatada travessia. Dava-me importantes notícias do Brasil e de La Plata, falava em rios, árvores gigantes, gabava o steamer que o levou; dizia que ia tentar inúmeras empresas. Contava-me também que a bordo havia mulheres joviais - todas francesas. Assombrara-se muito da ligeira moralidade que encontrou a bordo. Citava o caso d'uma passageira... Mil coisas mais de que não me recordo. Finalmente, por baixo disso tudo, em nota breve do melhor cursivo recomendava o pobre do Veludo, pedindo a Deus que o conservasse vivo. Enquanto eu lia, o cão, tranquilo e atento, me contemplava, e - creia que é verdade, vi, comovido, que nesse momento, seus olhos gotejavam de saudade. Depois, lambeu-me as mãos, humildemente, estendeu-se a meus pés silencioso movendo a cauda, - e adormeceu contente, farto d'um puro e satisfeito gozo.

Passou-se o tempo. Finalmente, um dia, Vi-me livre daquele companheiro. Para nada Veludo me servia...Dei-o à mulher d'um velho carvoeiro. E respirei! " Graças a Deus! Já posso ",dizia eu, " viver neste bom mundo, sem ter que dar, diariamente, um osso a um bicho vil, a um feio cão imundo". Gosto dos animais, porém prefiro a essa raça baixa e aduladora, um alazão inglês, de sela ou tiro, ou uma gata branca cismadora. Mal respirei, porém! Quando dormia e a negra noite amortalhava tudo senti que à minha porta alguém batia. Fui ver quem era. Abri. Era Veludo. Saltou-me às mãos, lambeu-me os pés ganindo, farejou toda a casa satisfeito e, de cansado, foi rolar dormindo como uma pedra, junto do meu leito. Praguejei furioso. Era execrável suportar esse hóspede importuno que me seguia como o miserável ladrão, ou como um pérfido gatuno. E resolvi-me enfim. Certo, é custoso dizê-lo em voz alta e confessá-lo. Para livrar-me desse cão leproso havia um meio só: matá-lo.

Zunia a asa fúnebre dos ventos; ao longe o mar, na solidão gemendo, arrebentava em uivos e lamentos...De isntante em instante ia o tufão crescendo. Chamei Veludo; ele seguia-me. Entanto, a fremente borrasca me arrancava dos frios ombros o revolto manto, e a chuva meus cabelos fustigava... Despertei um barqueiro. Contra o vento, contra as ondas coléricas vogamos. Dava-me força o torvo pensamento. Peguei num remo e com furor remamos. Veludo, à proa, olhava-me choroso como o cordeiro no final momento. Embora! Era fatal! Era forçosolivrar-me, enfim, desse animal nojento.

No largo mar ergui-o nos meus braçose arremessei-o às ondas, de repente...Ele gemeu os membros lassos, lutando contra a morte. Era pungente.Voltei à terra, cheguei em casa. O vento zunia sempre na amplidão profunda. E pareceu-me ouvir o atroz lamento de Veludo nas ondas moribundo. Mas ao despir, dos ombros meus, o manto, notei - oh grande dor! - haver perdido uma relíquia que eu prezava tanto! Era um cordão de prata: - eu tinha-o unido contra o meu coração, constantemente, e o conservava no maior recato, pois minha mãe me dera essa corrente, e, suspenso à corrente, o seu retrato. Certo caira além, no mar profundo, no eterno abismo que devora tudo. E foi o cão, foi esse cão imundo a causa do meu mal! Ah, se Veludo duas vidas tivera, duas vidas eu arrancara àquela besta morta e àquelas vís entranhas corrompidas. Nisto senti uivar à minha porta. Corri, abri...Era Veludo! Arfava. Estendeu-se a meus pés e docemente, deixou cair da boca que espumava a medalha suspensa da corrente. Fora crível, oh Deus?? Ajoelhado junto ao cão, estupefato, absorto, tomei-lhe o corpo como a pedir-lhe perdão...estava enregelado. Sacudi-o, chamei-o aos prantos! Veludo estava morto!

Autor: Luiz Guimarães